sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Angola: O Tempo no Direito

O Direito é quase sempre, como o humano um produto de Histórico. 

Os juristas lidam com os factos de duas formas. 

Por um lado o fazem olhando para o futuro: 

Quando se criam normas gerais e abstractas se as cria para o futuro ou seja para regerem comportamentos futuros.

Diz-se até que a lei é válida para o futuro. 

E a natureza das normas gerais e abstractas impõe necessariamente que assim seja. Os padrões criados hoje não podem ser usados para o momento da sua criação para o futuro. 

É pois pensando no futuro que os juristas criadores agem. 

Este mesmo raciocínio é aplicável aos juristas pareceristas preventivos ou seja, aqueles que fazem pareceres antes sobre as pretensões das pessoas. É no futuro e para o futuro que o seu exercício serve. 

Outro modo de os juristas agirem os mais comum e da prática concreta é o para o passado, mas um passado que se reflecte no presente e se projecta para o futuro. 

Começa-se com um acontecimento passado e se o avalia com base nas normas gerais e abstractas criadas no passado, para retirar delas consequências que se projectarão no futuro. 

 O Profissional de Direito, excepto quando vive a sua vida é, afinal, um profissional fora do seu tempo, pois anda entre o passado e o futuro, por um lado carrega a ideia do que deve ser do passado, para o que será no futuro, por outro, olha para aquilo que foi no passado para com base nas normas de um passado mais distante aplicáveis à questão, tentar corrigir o passado e o fazer como devia ter sido. 


O Presente no Direito é um tempo que pertence não aos juristas mas a todos os sujeitos de Direito em igual medida. 


Ninguém recebe mais que os outros no  presente... é preciso conjugar com o passado e o futuro para que desigualdade exista. 

É neste campo, do presente, e de todos, que devemos investir. Um cidadão com educação jurídica é mais importante que um sistema judicial robusto. 

O Direito é afinal História e Futurologia ao mesmo tempo... Mas é acima de tudo algo de prático.

Ajamos hoje, 


Para que não precisemos de trazer o critério de ontem para disciplinar e reger o hoje nem tenhamos que reger hoje o que foi ontem para se projectar no futuro corrigindo o passado e, as vezes, prevenindo adversidades nos comportamentos futuros. 

Pois somente uma decisão sobre a conduta de amanhã tomada hoje resultará em injustiça, pois as circunstâncias de amanhã não se assemelham às de hoje. 

O Direito não pode ser um instrumento de transporte e confusão de tempos, deve ser, inclusive na relação do tempo, um fio condutor à justiça.